quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Governos já podem se preparar para editar novos decretos com medidas de isolamento social, diz microbiologista

Após uma lenta queda no número de casos e óbitos por coronavírus, observada nos últimos dois meses, o país voltou a ser assombrado pela pandemia da Covid-19. Estados de todas as regiões do país, como Rio, São Paulo, Mato Grosso, Acre e Paraná, observam as médias móveis de ocorrências e mortes até triplicarem nos últimos dias.

Especialistas em saúde pública alertam que municípios em condições mais críticas devem reforçar medidas de isolamento social — uma iniciativa que, reconhecem, poderá ser recebida com resistência pela população, após meses de quarentena e à beira das festas de fim de ano.

Para a microbiologista da Universidade de São Paulo (USP) Laura de Freitas, algumas áreas do país já deveriam inclusive estar editando decretos com medidas de isolamento mais rígidas, como fechamento de comércio e de outras atividades.

— Está no momento. A gente está vivenciando a escalada dos casos, o ideal é fechar agora para não piorar e sobrecarregar hospitais — afirma Freitas.

Segundo a especialista, as medidas para diminuir os números são as conhecidas: isolamento social, máscara e álcool em gel.

— O uso da máscara é ainda mais recomendável agora do que no começo da pandemia porque a ciência descobriu que a máscara diminui a gravidade da doença. Quem é infectado usando o equipamento recebe uma carga viral menor e tende a ter uma doença mais branda — diz ela, para quem já se começa a se formar uma segunda onda da doença.: — É um fato. Na verdade, a primeira nem terminou. Diferentemente da Europa, aqui o número de casos só sofreu um declínio e já voltou a subir.

Coordenador da Frente de Diagnóstico da Força-Tarefa da Unicamp contra a Covid-19, Alessandro Farias avalia que o recente aumento de casos da pandemia é uma “semana de maremoto”.

— Não sei se esses índices continuarão crescendo, porque o cenário atual do Brasil não pode ser comparado ao visto na Europa, onde os países quase zeraram o número de casos até chegar uma segunda onda. Nunca nos aproximamos dessa realidade — afirma. — A população começou a relaxar e voltou às ruas, mesmo sem haver vacina. É difícil fazer lockdown e evitar a volta ao pico da pandemia, porque precisamos pensar em soluções para os comerciantes não fecharem as portas.

Já Paulo Petry, doutor em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), considera que a população se “cansou da pandemia” e que a chegada do verão provocou aglomerações. Uma consequência é o aumento na taxa de transmissão.

O GLOBO 

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